02 - ELISABETE LESEUR APÓSTOLA DE MARIDO ATEU; APÓSTOLA DE INTELECTUAIS SEM FÉ;

 APOSTÓLA DE SOFREDORES NA ALMA E NO CORPO

 CRISTÃ PERFEITA

Elisabete não nasceu perfeita. Cumpriu seu dever de católica: realizou a autêntica penitência evangélica. Estudou a fundo a sua fé e aos poucos, lutando contra as paixões e o egoísmo, passou a viver segundo o que a Revelação lhe ensinava. Culta, bela, de sólida formação, cultura religiosa e profana, revelou-se mulher como poucas: evangelicamente bondosa, sem sentimentalismo vazio. Ela mesma escreveu: ”O que muitas vezes falta na mulher é um juízo reto, o hábito do raciocino, o trabalho de espírito pessoal e seguido”. Vivendo num meio hostil à fé, nunca se perdia em discussões apaixonadas e estéreis, mas tinha sempre resposta pronta e viva para dar o bom testemunho de sua crença. Mas foi no sofrimento que ela se revelou lidimamente evangélica. Basta ter o seu Credo da Dor. Ela compreendeu e viveu o mistério da Cruz!

 CAINDO E LEVANTANDO

 Seu marido, o médico Félix Leseur, era ateu militante. Prometera respeitar a crença da esposa. E ele mesmo escreve: ”No correr de 1897, por uma série de leituras e pressões, conseguiu desviá-la da observância dos deveres religiosos, abalar-lhe a fé e fazê-la chegar ao Protestantismo liberal, que não era, a meu ver, senão uma passagem para o agnosticismo radical. Para chegar mais rapidamente ao fim dei-lhe a ler a História das Origens do Cristianismo, de Renan; e, graças à Divina Providência, o trabalho com o qual contava para terminar a minha obra detestável foi justamente aquele que determinou sua ruína”. E de fato, Elisabete, muito inteligente, analisou a obra, notou-lhe a insinceridade e marchou vigorosa para a reconquista do tesouro da verdadeira fé. Não somente para si, mas também para o marido...

 CONVERSÃO DO MARIDO

 Alma culta, muito dada à meditação das verdades eternas, Elisabete recebia frequentes e extraordinárias luzes divinas em sua mente. Não deixou de anotá-las por escrito. Escrevia para si e para Deus. O próprio marido ignorava o tesouro escondido. Morta a esposa querida, Félix deu com os escritos, leu-os, releu-os, meditou-os: converteu-se e se tornou o Padre Dominicano Frei Marie-Albert! São estes mesmos escritos que correm o mundo em vários livros, traduzidos para várias línguas, multiplicando milagres de conforto e conversões

MODELO DE APÓSTOLA DOS SEM FÉ

 O que é básico no ecumenismo, da parte católica, é uma sólida formação religiosa, como fundamento da caridade sem limites. Elisabete, cercada da ironia dos racionalistas, foi pioneira notável do moderno espírito ecumênico: ”No fundo de cada um, dizia ela, há uma partícula de verdade que é preciso saber descobrir“. E ainda alhures: ”...evitemos sempre quebrar o ‘caniço vergado’ ou ’apagar a mecha fumegante’. Este caniço é talvez a alma endolorida e que sofre, de um de nossos irmãos; e a mecha humilde que o nosso gélido sopro apaga é, muitas vezes, uma inteligência nobre que poderíamos reanimar e engrandecer: acautelemo-nos; nada tão delicado e sagrado como a alma humana; nada mais fácil de se molestar. Que cada uma de nossas palavras, cada um de nossos atos, tenha em si um princípio de vida que, penetrando outros espíritos, lhes comunicará luz e força e revelará Deus”. Compreende-se, pois, que um corifeu do ateísmo de seu tempo, profundo admirador de Elisabete, tenha dito, após sua santa morte: ”Elisabete era um pináculo da Humanidade!“

 CREDO DA DOR

Creio que o sofrimento foi concedido por Deus ao homem num rasgo de amor e de misericórdia.

Creio que Jesus Cristo transformou, santificou e edificou o sofrimento.

Creio que o sofrimento é para a alma o grande operário de redenção e santificação.

Creio que o sofrimento é fecundo, tanto, e muitas vezes mais do que as nossas palavras, nossos atos, e que as horas da Paixão de Cristo foram mais poderosas para nós e maiores perante o Pai do que mesmo os anos de sua pregação e atividade terrestre.

Creio que circula por entre as almas, as deste mundo, as que expiam e as que já chegaram à verdadeira vida, um vasto e contínuo canal, feito dos sofrimentos, dos merecimentos e do amor de todas as almas, que a menor de nossas dores, nossos mais ligeiros esforços, podem atingir, pela ação divina, almas caras e longínquas, e levar-lhes luz, paz e santidade.

Creio que na Eternidade encontraremos os prediletos que conheceram e amaram a Cruz, e que seus sofrimentos e os nossos se perderão no infinito do amor divino e nas alegrias da reunião definitiva.

Creio que Deus é amor e que o sofrimento, em sua mão, é o meio, que toma o seu amor, para nos transformar e nos salvar.

Oração de Elisabete Leseur

 Meu Deus, coloco aos vossos pés todos os meus sofrimentos, as tristezas e os sacrifícios: tudo ofereço pelo Coração de Jesus e rogo a Vosso amor que transformeis esses sofrimentos em alegrias e santidade para aqueles que amo, em graças para as almas, em dons preciosos para Vossa Igreja. Neste abismo e abatimento físico, de aborrecimentos e de cansaço moral, de trevas em que me mergulhastes, deixai passar um raio de Vossa triunfante caridade. Ou antes,(porque as trevas do Getsêmani e do Calvário são fecundas), fazei servir todo este mal ao bem de todos. Ajudai-me a ocultar o desprendimento interior e a pobreza espiritual debaixo da riqueza, do sorriso e dos esplendores da caridade. Quando a cruz se tornar mais pesada, ajudai-me a carregar esse peso que Vós mesmo pusestes sobre minha alma, sobre o meu corpo dolorido. Senhor, eu vos adoro. Sou ainda e serei sempre Vosso devedor, pois que, em contrapeso aos meus sofrimentos, pusestes a Eucaristia e o Céu.

ALELUIA!

 FRASES DE ELISABETE LEUSEUR

 “A alma que se eleva, eleva o mundo.”

 “Não sabemos o bem que fazemos quando fazemos o bem.”

 “Pensar é bom, orar é melhor, amar é tudo.”